Viver o Amor em tempos de Pandemia
No mês em que se assinala o amor há que refletir sobre a sua importância na nossa vida. Sobre o amor nunca se terá dito ou escrito tudo, sobre o amor nada será absoluto. O amor é uma construção diária. Todos os dias são dias para viver o amor. Todos os dias são dias para nutrir a relação. Quando o amor acontece e evolui passa, naturalmente, por várias etapas, desde o primeiro olhar ao primeiro beijo, da idealização à descoberta real do outro, das discussões às reconciliações, da inquietação e ansiedade à intimidade e afeto.
Relações amorosas e pandemia
A pandemia veio gerar mudanças na forma como interagimos com aqueles que amamos. Interferiu nas nossas rotinas e veio prolongar o tempo que passamos com a família, sobretudo com os filhos e o cônjuge. Com todas estas alterações nas dinâmicas familiares é comum surgirem sentimentos de cansaço, frustração, ansiedade, menos tolerância e paciência, tal como mais zanga e irritabilidade. Os conflitos tendem a acontecer com mais frequência.
As relações conjugais têm passado por uma verdadeira prova de fogo. Este período veio tirar as máscaras, colocando a nú todas as lacunas da relação. Há mais espaço para as emoções virem à tona e quando as emoções estão desreguladas é possível que a tensão entre o casal amplie, empurrando-os para um labirinto relacional.
Alguns casais confrontaram-se com problemas já existentes, outros depararam-se com diversos problemas novos, na medida em que muitos casais deparam-se com uma preocupação acrescida com a saúde, gestão de vários papéis em simultâneo, dificuldades financeiras, medo de perder o trabalho.
Parece paradoxal, os casais passarem mais tempo juntos e estarem mais distantes emocionalmente, porém a realidade é que precisamos de vários fatores para complementar a relação conjugal. Beneficiamos de ter espaço para a nossa individualidade e fazer coisas que nutram o nosso Eu, como a prática de desporto, meditação, ir ter com amigos, ou qualquer outra atividade que faça sentido. Porém, num contexto de pandemia em que os contactos sociais estão reduzidos, as rotinas estão modificadas e o parceiro acaba por desempenhar múltiplos papéis, além de amigo e amante, pode ser também confidente, terapeuta, entre outros, tudo isto pode gerar uma pressão extra na relação conjugal.
Relações amorosas de sucesso
Desenvolvermos relacionamentos saudáveis baseados na harmonia, confiança e estabilidade é um complemento fundamental à nossa felicidade e bem-estar.
Uma grande parte das pessoas deseja viver um grande amor, mas vale a pena conhecermos aquilo que a ciência nos diz sobre relações de sucesso. As relações amorosas felizes têm como base uma enorme amizade, sendo a componente sexual o que as diferencia das relações não românticas.
As necessidades de ambas as partes devem ser auscultadas. Se o casal funcionar como uma equipa coesa vai gerar mais cumplicidade, potenciando a estabilidade da relação. Os tempos de crise que vivemos podem ser um desafio, mas também uma excelente oportunidade para as relações se reciclarem, reinventarem e para os casais se reapaixonarem.
Em fases como a que vivemos atualmente, podemos ter menos disponibilidade mental e emocional, porém se soubermos regular as nossas emoções estabelecendo um diálogo construtivo alicerçado no respeito e aceitação, conseguimos abraçar e desfrutar de relações mais autênticas e crescer com elas. Há que verbalizar, mais vezes, algo simples mas tão poderoso como um “obrigado”, “amo-te” ou “desculpa”.
O espaço para a intimidade precisa, igualmente, de ser preservado. Podemos viver algum tempo sem manifestações emocionais e físicas de afeto, mas apenas por um tempo limitado. É desejável que isso aconteça no mínimo de tempo possível para que uma relação seja uma relação amorosa saudável. É, assim, essencial investirmos em trocas de afeto com o parceiro como manifestações de carinho, respeito mútuo, um olhar cúmplice, um beijo demorado, momentos de sedução mútua, um abraço securizante e em sorrisos partilhados.
Há, seguramente, algo transversal, todos queremos ser tratados de forma especial pela pessoa que amamos e com quem partilhamos a nossa vida!
5 Dicas fundamentais para uma relação amorosa feliz e saudável:
- Abrir os canais de comunicação: Falar de forma transparente sobre as necessidades bem como os desejos de cada um. Necessidade é diferente de desejo. Desejo tem a ver com o que queremos. Necessidade tem a ver com o que precisamos. É importante saber distingui-los e clarificar o que é importante na relação.
- Ser empático: Mostrar empatia e compreensão com os sentimentos do cônjuge e com a sua verdade ajuda a fortalecer os laços afetivos. Independentemente de concordar ou não, procure respeitar. Quando não concordar pode manifestar a sua opinião com serenidade.
- Ver e Escutar ativamente o outro: Podemos olhar mas nem sempre vemos, podemos ouvir mas nem sempre escutamos. A escuta ativa ajuda a sentir o outro e a criar conexão. Em detrimento de colocar o seu foco no que vai dizer a seguir, centre a sua atenção no que o seu parceiro está a verbalizar. Para além de oferecer uma atenção plena à outra pessoa, permite também estruturar de forma mais eficaz o feedback que lhe quer dar.
- Ser gentil e compassivo: Surpreender o outro, uma atitude que sai do previsto, um gesto de carinho, um presente. É o ideal para reforçar os vínculos e a relação. Pense no que a pessoa gostaria que fizesse por ela e permita-se avançar.
- Oferecer espaço para a intimidade: Para mantermos uma relação feliz precisamos dedicar tempo de qualidade à mesma. Recrie uma rotina onde possa estar mais tempo com a pessoa amada, onde possa haver espaço para a conexão e intimidade. A relação afetiva e a intimidade podem ser um processo profundo de conhecimento de parte a parte, onde os laços têm a oportunidade de se renovar e florescer.
Helena Paixão, Revista Zen Energy edição nº154, Fev 2021